15ª Intervenção
10 de Abril – O dia das entrevistas
As 14:30 h lá estávamos nós no Gabinete do Director, receberam-nos com muita simpatia dizendo que já não nos viam há muito tempo. Aproveitaram para nos pedir desculpa por não podermos deslocar-nos ao Centro mais cedo, mas que naquele período andavam bastante ocupados com os assuntos da Escola, uma vez que esta agora se encontra em obras, tornou tudo mais complicado.
De seguida, o Drº Jaime levantou-se da secretária e pediu que esperássemos um pouco que ele iria angariar professores para nós. Ficámos à conversa com a Margarida, enquanto o Director andava entre os corredores e a sala dos professores à procura dos colegas. Foi então que nos levou a uma sala onde estavam alguns professores e lhes disse que teriam que nos ajudar numa tarefa. A primeira professora entrevistada propôs-se de imediato, uma vez que estava de saída e se quiséssemos fazer a entrevista teria de ser já.
As entrevistas correram bem, apesar de inicialmente os professores se encontrarem bastante relutantes em falar connosco. Perguntavam sempre com um ar desconfiado para que era e sobre o que tinham de falar. Acabámos sempre por estabelecer uma conversa introdutória, em que nos perguntavam de onde vínhamos, o que fazíamos, o que era isso das Ciências da Educação, entre outras questões feitas pelos entrevistados.
Iniciadas as entrevistas, e dada também a forma como o guião estava organizado, os docentes começavam a soltar-se, falando muito acerca do que é ser professor na Escola Marquês de Pombal, ao que todos respondiam que era um grande desafio, dada a heterogeneidade dos alunos e o ambiente que envolve a Escola. Dadas as entrevistas por terminado, a satisfação dos professores era evidente, na minha opinião terá também a ver com o facto de sentirem que as suas opiniões, interesses e necessidades foram “ouvidas” para que depois possamos realizar algo que vá ao encontro do que nos transmitiram. No final de cada entrevista, ficavam sempre a conversar connosco desejando-nos boa sorte para o trabalho e para o futuro, difícil como eles próprios referiam.
Uns mais que outros, demonstraram o gosto que têm pelo Ensino e como se formaram em Educação por vocação e não apenas como uma forma de ganhar algum dinheiro. Este foi um aspecto muitas vezes referido pelos entrevistados, o facto de que para se ser um bom professor é necessário, mais do que em outras profissões, o amor pela profissão, o gosto em ensinar e o interesse pelos alunos, uma vez que é uma actividade desgastante que apenas quem gosta consegue fazer algo mais, algo de diferente.
No que diz respeito ao principal objectivo das entrevistas, compreender quais as principais necessidades de formação, os professores mencionaram na sua maioria áreas de interesse e de carência comuns, tendo sido assim referido: Tecnologias, Didácticas da disciplina, Formações mais técnicas respectivas a cada área de ensino e áreas mais de teor pedagógico (resolução de conflitos, motivação dos alunos para a aprendizagem..). Este é um aspecto bastante interessante sobre o qual gostava de falar. O facto de todos os professores, sem excepção de nenhum, referirem que se trata de uma Escola com alunos complicados, dada a heterogeneidade dos mesmos, a envolvência escolar e o tipo de ensino, uma vez que se tratam de Cursos Profissionais, fez-nos pensar que dariam alguma importância a áreas de teor pedagógico. Muitos referiram a motivação dos alunos e a desordem na sala de aula como impeditivos do seu trabalho, contudo na hora de referir as necessidades de formação, raros são aqueles que apontam as áreas de teor mais pedagógico, como áreas do seu interesses ou necessárias para o exercício do seu trabalho. Embora concorde com muitos deles, em que todos esses aspectos se aprendem e desenvolvem sobretudo com a prática e com o exercício da profissão, penso que muitas dessas formações podem ser úteis e bastante importantes para ajudá-los neste “medir forças” com os alunos que tantas vezes acontece na sala de aula e se torna desgastante na actividade do dia-a-dia. Então e os professores que ainda não obtiveram essa experiência? Não seria mais fácil se aprendessem alguns mecanismos para lidar com esse tipo de entraves? Penso que esta é ainda uma área que necessita de alguma reflexão por parte dos docentes, não só desta Escola como no geral, pois embora muito teórica e sem aplicabilidade na prática, como muitos deles referiram, a teoria em determinados casos torna-se necessária aquando da prática.
Por fim acabámos por realizar apenas cinco entrevistas, uma vez que não existiam mais professores de áreas disciplinares diferentes, porém penso que isso não seja relevante nem impeditivo de um bom trabalho. Agora segue-se uma parte bastante trabalhosa, as transcrições e as análises de contéudo, focadas nas temáticas principais (os interesses e necessidades de formação docente).
Quando nos despedimos perguntaram-nos quando voltaríamos e daríamos notícias, respondemos que em breve, ainda não se viam livre de nós. A Margarida e o Director disseram para não irmos embora sem fazermos uma última despedida e que para mesmo depois do final do semestre os irmos visitando. Este foi sem dúvida um dia muito produtivo, em que todo o esforço e empenho foram compensados ali, naquelas horas.
"Escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido." (Jules Renard)