Análise de necessidades de formação
A temática da Análise de necessidades de formação docente é um dos assuntos presentes e abordados ao longo do projecto de intervenção do nosso grupo, uma vez que o seu objectivo consiste precisamente na aferição das necessidades de formação dos professores da Escola Marquês de Pombal. Deste modo, a reflexão acerca do tema parece-me bastante pertinente, não só para o trabalho de grupo mas também em continuidade no portefólio.
Os docentes trabalham num ambiente em constante mudança e como tal, precisam de uma formação contínua que responda aos novos desafios com que se deparam, exigindo constante desenvolvimento por parte do professor, enquanto pessoa mas também enquanto profissional. Neste seguimento, é o próprio quem vai tendo noção das suas lacunas, dificuldades, ou até mesmo gostos, nas diferentes situações de trabalho. Este ao querer satisfazer as suas necessidades vai em busca de formação, que deverá ser preferencialmente centrada no contexto de trabalho onde se vivenciam os problemas. O autor Rodrigues (2006) refere-se às necessidades de formação contínua na formação de professores, como informações de cariz contextualizado que visam adaptar a formação facultada à realidade desta profissão. Sendo resultantes do confronto entre expectativas, desejos, aspirações, assim como de dificuldades e de problemas sentidos no quotidiano profissional.
A formação inicial é um dos aspectos problemáticos no que se refere a este assunto, uma vez que não tem vindo a acompanhar os novos desafios da educação, sendo que os docentes trabalham num mundo em constante mudança onde se deparam diariamente com vários desafios para os quais a sua formação inicial não os prepara. Seria então necessário configurar uma formação contínua actualizada e útil, para os professores, contribuindo para o seu desenvolvimento profissional e correspondendo adequadamente às solicitações do seu quotidiano.
A análise de necessidades tem assim por fim, fornecer informação sobre as carências das pessoas, grupos ou comunidades, bem como sobre as exigências sociais do contexto. Tem como objectivo diminuir a resistência à formação e suprir as lacunas transmitidas pelos professores, devendo constituir um instrumento de diagnóstico e uma estratégia de planificação, como é o caso do nosso projeto de intervenção.
Quando falamos em necessidade pretendemos designar fenómenos tão diversificados como uma carência, um interesse, um desejo, uma exigência ou algo que sentimos que nos falta e que surge dependente de normas ou valores. Devemos considerar as necessidades colectivas e as necessidades específicas dos indivíduos.
O autor D’ Hainaut (1979 in Duarte 2009) identifica cinco possibilidades fundamentais na condução da análise de necessidades:
1º Necessidades das pessoas versus necessidades dos sistemas – As primeiras referem-se ao ser humano, já as necessidades sistémicas são aquelas que correspondem a condições não satisfeitas, mas necessárias à existência e funcionamento do sistema;
2º Necessidades particulares versus necessidades colectivas – o indivíduo é a caixa de ressonância da mensagem recebida do formador;
3º Necessidades conscientes versus necessidades inconscientes – a tomada de consciência de uma necessidade por um indivíduo grupo ou sistema acaba por se tornar numa solicitação, tal consciência faz conceber os meios para a ultrapassar;
4º Necessidades actuais versus necessidades potenciais – as necessidades educativas raramente são imediatas nos seus efeitos, projectam-se sempre a longo prazo por esse facto são frequentemente potenciais;
5º Necessidades segundo o sector – necessidades manifestadas segundo o sector, designadamente: quadros da vida privada e familiar, vida social, política, cultural, profissional, ócio e desporto.
Relativamente às metodologias utilizadas, não existem modelos certos ou modelos errados, uma vez que as opções dependem do âmbito do estudo, dos seus objectivos e dos recursos humanos, materiais e temporais disponíveis. Não existem bons nem maus instrumentos técnicos ou métodos de análise de necessidades, contudo o bom senso, o rigor e a experiência aconselham a utilização de alguns instrumentos dependendo dos objectivos e dos meios disponíveis.
Segundo o autor Steadham (1980 in Duarte 2009), as técnicas para proceder á análise de necessidades são as seguintes:
a) Observação – permite a descrição das condições reais da execução de uma actividade, viabilizando a detecção de falhas, bloqueios, comportamentos ineficazes;
b) Entrevista – individual ou de grupo nas suas diferentes formas. Poderá se adequada à revelação de sentimentos, à determinação de causas e à descoberta de possíveis soluções;
c) Questionário – nas suas diferentes formas de elaboração e aplicação permite atingir em pouco tempo vastas populações, sendo ainda de fácil tratamento estatístico a informação recolhida;
d) Materiais impressos – podem incluir revistas da especialidade, textos legislativos (excelente fonte sobre as necessidades normativas), regulamentos entre outros.
e) Registos e relatos – diferentes tipos de memorandos, como por exemplo os diários.
Esta é uma temática sobre a qual nutro bastante interesse, uma vez que procura orientar os profissionais no preenchimento das suas lacunas, não realizando formação apenas por créditos ou subida de escalão (o que actualmente se encontra estagnado), mas sim numa visão da formação muito mais ampla, como condutor da supressão de necessidades de formação contínua. A influência das necessidades de formação docente são directamente visíveis no seu público-alvo, os alunos, não só a nível das áreas disciplinares que leccionam como também das novas tecnologias, das didácticas da disciplina e das relações interpessoais.
A consecução do nosso projecto de intervenção acabou, tal como foi referida acima, fornecer informação sobre as carências das pessoas ou grupos, bem como sobre as exigências sociais do contexto, como é o caso da Escola Marquês de Pombal. Sendo assim esperado pelo grupo diminuir a resistência à formação e conseguir suprir as lacunas transmitidas pelos professores disponibilizando-lhes um Plano de Formação mais adaptado às suas necessidades.
Referência biblográfica:
- Duarte, Carina Sofia Barata (2009) Análise das necessidades de formação contínua de professores dos cursos de educação e formação. Tese de mestrado, Ciências da Educação (Formação de Professores), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.
"Escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido." (Jules Renard)