Importância da Leitura

"Ler é a porta para a descoberta de novos conhecimentos.." 

Esta é uma temática muito comentada, que continua a gerar alguma controvérsia, no que diz respeito aos seus benefícios e à falta de hábitos de leitura ainda frequentes na vida de cada um. No nosso país, tantas vezes se fala desta lacuna e das vantagens que ler poderia trazer e traz ao desenvolvimento do indivíduo, porém continua a não ser posto em prática. Sem dúvida, que me identifico com essas pessoas, ou talvez já me tenha identificado mais. Desde que comecei a frequentar a Universidade que ganhei alguns hábitos de leitura e reconheci os benefícios que isso pode ter na nossa vida.

Os autores Yunes e Pondé (1988) mencionam que ler é a “atribuição de significados à imagem gráfica segundo o sentido que o escritor lhe atribui, a relação que o leitor estabelece com a própria experiência através do texto. Assim envolve aspectos sensoriais (ver e ouvir os símbolos linguísticos), emocionais (identificar-se, concordar ou discordar, apreciar) e racionais (analisar, criticar, correlacionar, interpretar). Há, portanto, diferentes níveis de leitura que extrapolam do texto para o mundo.” (p. 58-59). Segundo Leffa (1996) “(…) ler é, na sua essência, olhar para uma coisa e ver outra”. Neste sentido, segunto estes autores, ler propicia e leva à nossa imaginação, se tivermos a capacidade de nos envolvermos com a leitura poderemos chegar a um entendimento diferente, ao qual atribuímos significados a partir da nossa realidade, das nossas vivências e de tudo o que nos rodeia, construindo assim o nosso próprio pensamento. Deste modo, na perspectiva de quem se envolve na leitura, não lemos apenas as palavras, os textos ou os livros mas sim o mundo.

Esta prática encontra-se presente nas nossas vidas desde o momento em que começamos a compreender aquilo que nos rodeia. Correspondendo não apenas a uma simples descodificação de símbolos, mas à interpretação e compreensão daquilo que se lê. O desejo do leitor é uma condição bastante necessária para que a leitura seja válida e prazerosa. Deste modo, quando transformada em obrigação, resume-se simplesmente a algo aborrecido e sem interesse por parte do leitor. Para que se possa evitar essa situação e suscitar algum desejo, garantindo o prazer da leitura, o leitor deverá poder escolher o que quer ler, indo ao encontro dos seus gostos e, deste modo, ler algo que o interesse e motive. É assim cada vez mais reconhecida a importância da leitura e destacados benefícios que se relacionam com a sua prática, como por exemplo: ampliar e integrar conhecimentos, enriquecer o nosso vocabulário e facilitar a comunicação.

Como já referi, ler não se restringe única e exclusivamente à descodificação de itens linguísticos pertinentes de cada texto. Assim sendo, a leitura não deve e não pode ser confundida com uma cópia mecânica de elementos, criando um leitor apático, indiferente e consumista de mensagens sem sentido e irrelevantes para si. Neste seguimento, a leitura deverá levar o leitor a atribuir-lhe sentido e fazendo despertar os seus interesses, as suas crenças e as suas opiniões criando significados próprios.

Os hábitos de leitura de uma comunidade dependem de um conjunto complexo de factores, contudo a melhoria das condições económicas das famílias, as medidas de política educativa e cultural e a criação de bibliotecas públicas decerto contribuíram para alargar as possibilidades de acesso aos livros, revistas e jornais. Existem também várias iniciativas públicas ou privadas que visam estimular esse encontro entre livros e leitores, como as feiras do livro, debates com autores, entre outras iniciativas. Apesar de muitas vezes não serem suficientes, é necessário reconhecer uma evolução encorajadora. Neste sentido, continua a haver quem considere a leitura em Portugal uma batalha perdida, sobretudo aqueles que mais a valorizam, salientando a presença da televisão, a facilidade no acesso à Internet ou os jogos de computador como inibidores do desenvolvimento pessoal de um indivíduo. A prática da leitura deveria tornar-se assim um hábito diário, fazendo com que desde pequenas, as crianças tivessem em mãos um livro, uma revista, um jornal ou algo que lhes fosse prazeroso e que lhes transmitisse conhecimento.

Referências Bibliográficas:

  • LEFFA, Vilson J. Aspectos da Leitura. Porto Alegre: Flagra 1996;
  • YUNES, Eliana; PONDÉ, Glória. Leitura e leituras da literatura infantil. São Paulo: FTD, 1988;
  • SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

"Escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido." (Jules Renard)